O fascinante Herberto Helder dito pelo enorme Mário Viegas.
AS MANEIRAS - II
O problema do artista era este: obrigado a interromper o quadro que pintava e onde estava a aparecer o vermelho do seu peixe, não sabia agora o que fazer da cor preta que o peixe lhe ensinava. Assim, os elementos do problema constituíam-se na própria observação dos factos e punham-se por uma ordem, a saber: 1º - peixe, cor vermelha, pintor, em que a cor vermelha era o nexo estabelecido entre o peixe e o quadro, através do pintor; 2º - peixe, cor preta, pintor, em que a cor preta formava a insídia do real e abria um abismo na primitiva fidelidade do pintor.
Ao meditar acerca das razões por que o peixe mudara de cor precisamente na hora em que o pintor assentava na sua fidelidade, ele pensou que, lá de dentro do aquário, o peixe, realizando o seu número de prestidigitação, pretendia fazer notar que existia apenas uma lei que abrange tanto o mundo das coisas como o da imaginação. Essa lei seria a metamorfose. Compreendida a nova espécie de fidelidade, o artista pintou na sua tela um peixe amarelo.
Herberto Helder in "Retrato em Movimento" (1967)
(nota acerca de um pormenor absurdo só visível num blog como o meu: a palavra "amarelo" no poema não se encontra afastado do peixe, contudo por razões misteriosas, sem eu deixar esse espaço, o malandro do "amarelo" teima em fugir para a parte de baixo...)
(nota acerca de um pormenor absurdo só visível num blog como o meu: a palavra "amarelo" no poema não se encontra afastado do peixe, contudo por razões misteriosas, sem eu deixar esse espaço, o malandro do "amarelo" teima em fugir para a parte de baixo...)
Olá Hugo!
ResponderEliminarJuntaste aqui um duplo fascínio. Lindo!
Já ia fechar a loja, mas vi-te e vim cá.
Ficaste aborrecido comigo por causa daquilo do meu nome?
Olha que isso de to dizer ao ouvido foi uma brincadeira...
Beijinhos.
Dois em um fabuloso!
ResponderEliminarE só poderia ser um peixe amarelo :)
Bjis
Obrigada pelo carinho,Hugo.
ResponderEliminarNão te preocupes, vai apenas quando tiveres tempo.
Eu só quis mesmo saber se terias ficado sentido comigo.
Beijinhos.
Janita