quinta-feira, 24 de novembro de 2011

José Mário Branco - "Quando eu for grande (carta aos meus netos)"



 "Quando eu for grande quero ser/ uma pedra no asfalto/ O que lá estou a fazer/ só se nota quando falto"
"Quando eu for grande quero ser/ ponte de uma a outra margem/ para unir sem escolher/ e servir só de passagem"

Esta é uma obra-prima do Zé Mário e da Manuela de Freitas, aqui muito bem acompanhado pelo Bando dos Gambozinos, no Rivoli em 2000. Esta interpretação toca o Céu de tão sublime. E é uma música de ESPERANÇA! Parece-me que é isso que nós precisamos!

5 comentários:

  1. Para mim, a obra-prima do José Mário Branco é:
    http://youtu.be/uMiAYRRp-cE

    Dão-nos um lírio e um canivete
    e uma alma para ir à escola
    mais um letreiro que promete
    raízes, hastes e corola

    Dão-nos um mapa imaginário
    que tem a forma de uma cidade
    mais um relógio e um calendário
    onde não vem a nossa idade

    Dão-nos a honra de manequim
    para dar corda à nossa ausência.
    Dão-nos um prémio de ser assim
    sem pecado e sem inocência

    Dão-nos um barco e um chapéu
    para tirarmos o retrato
    Dão-nos bilhetes para o céu
    levado à cena num teatro

    Penteiam-nos os crâneos ermos
    com as cabeleiras das avós
    para jamais nos parecermos
    connosco quando estamos sós

    Dão-nos um bolo que é a história
    da nossa historia sem enredo
    e não nos soa na memória
    outra palavra que o medo

    Temos fantasmas tão educados
    que adormecemos no seu ombro
    somos vazios despovoados
    de personagens de assombro

    Dão-nos a capa do evangelho
    e um pacote de tabaco
    dão-nos um pente e um espelho
    pra pentearmos um macaco

    Dão-nos um cravo preso à cabeça
    e uma cabeça presa à cintura
    para que o corpo não pareça
    a forma da alma que o procura

    Dão-nos um esquife feito de ferro
    com embutidos de diamante
    para organizar já o enterro
    do nosso corpo mais adiante

    Dão-nos um nome e um jornal
    um avião e um violino
    mas não nos dão o animal
    que espeta os cornos no destino

    Dão-nos marujos de papelão
    com carimbo no passaporte
    por isso a nossa dimensão
    não é a vida, nem é a morte
    Natália Correia

    Bjis :)

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  2. Nêspera, eu gosto de praticamente tudo do Zé Mário, publiquei este tema porque é muito menos conhecido, e esta interpretação com o Bando dos Gambozinos é sublime.
    Beijos.

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  3. Este poema da Natália é lindo e eu também gosto muito!
    Beijinhos, nêspera!

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  4. Adorei andar por aqui, pelo seu cantinho, e viajar atravez da música, do nosso País, da minha vida.
    Obrigado pela sua visita, terei sempre muito gosto em o receber , na minha humilde casa.

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  5. armalu, seja sempre muito bem vinda por aqui.
    abraço.

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