segunda-feira, 23 de abril de 2012

Syd Barrett - "Here I Go"



Há muito que me apetece publicar algo sobre Syd Barrett (1946-2006). Mas queria fazê-lo, falando sobre ele de forma apaixonada. Mesmo que refira apenas algumas curiosidades, refiro uma vida onde o efémero e o imperceptível, estão em níveis muito elevados. Curiosamente, agora que estamos próximos de assinalar mais um 25 de Abril, recordo que comprei os discos dele a solo, naquela rua inclinada que vai dar ao Largo do Carmo. Loja de discos que já não existe...
Syd Barrett foi o primeiro vocalista dos Pink Floyd. Para além disso tocava guitarra e compunha. Ao que parece, as drogas que consumiu fizeram com que ficasse com problemas mentais para o resto da vida. Por causa desses problemas, depressa correram com ele do grupo em 1968. O primeiro álbum dos Pink Floyd, "The Piper At The Gates of Dawn" (1967), com o seu cunho, é inevitavelmente o disco menos conhecido da banda. Depois, Syd editou dois discos a solo e mais uma compilação com inéditos. Tenho religiosamente estes quatro registos. O meu fascínio por loucos é infinito. Talvez eu seja também um deles.
Todos compreendem que o primeiro disco dos Pink Floyd, nada tem a ver com o que eles editaram depois. É também fácil compreender que o fenómeno de massas em que se transformaram depois, dificilmente seria atingido com o Syd como vocalista, compositor e guitarrista... Como devem calcular, eu pertenço musicalmente a algo que surgiu em reacção a todo o Rock mais mainstream. Como nos disse o Thurston Moore no outro dia no Teatro da Trindade, desde que surgiram os discos dos Ramones que os dos Pink Floyd não saem do armário. Apesar de eu ser bastante mais novo que Thurston Moore, sinto exactamente o mesmo... O vinil "A momentary lapse of reason" (1987) está guardado há tantos anos... e eu nunca mais o ouvi. Há quem diga que regredi no gosto musical. Eu sei que os discos dos Pink Floyd são muito bem tocados, mas eu sou livre de me sentir muito mais estimulado, por música muito mais simples (e básica). Trata-se apenas de uma questão de gosto. Agora isso não quer dizer que não goste dos mais que perfeitinhos Pink Floyd, pós Barrett. Provocam-me é um certo bocejo, porque na maior parte das vezes, preciso de mais energia. Percebem?!
Syd depois de gravar "The Madcap Laughs" (1970) e "Barrett" (1970), e depois de algumas apresentações ao vivo, isola-se do mundo e entra em reclusão na casa da mãe em Cambridge. Raramente é visto, não dá entrevistas e dedica-se à jardinagem e à pintura. Segundo a sua irmã Rosemary, numa entrevista dada aquando da morte de Syd em 2006, diz-nos que ele inventou o seu próprio tipo de Arte conceptual. Fotografava uma flor e pintava uma grande tela a partir da fotografia. Depois fotografava essa imagem antes de destruir a tela. Por isso, pouco se conhece da sua Pintura.
O isolamento de uma estrela de Rock e este seu lado efémero que o caracteriza, faz com que muitos fãs de Pink Floyd nem saibam quem ele é... Eu conheço várias pessoas que adoram Pink Floyd, e não conheciam Syd Barrett! Reclusão de Syd que durou até à sua morte.
Este tema faz parte do álbum "The Madcap Laughs" de 1970.

Syd Barrett - "The Madcap Laughs" (1970)
Syd Barrett fotografado por Mick Rock (1969)

5 comentários:

  1. Olá Hugo!
    Estive a ler o que tens escrito, mas ainda não ouvi todas as músicas.
    Ainda bem que não desapareceste de novo, como deste a entender no sábado.
    Hoje estou com imenso trabalho pela frente e só logo à noitinha voltarei, agora passei para te deixar um beijinho e um forte abraço, meu querido!
    Janita

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  2. Aqui estou para te dar um Alô e um beijinho de boa semana.
    Não conhecia este cantor, lá está, não faz parte do meu reportório de gostos musicais:-)
    Bjos

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  3. O único comentário que me ocorre fazer é que adoooooooro Pink Floyd e não gosto de Ramones!
    Tentar comparar Pink Floyd com Ramones é como comparar uma libelinha com um gafanhoto ou uma joaninha com um escaravelho! ;)

    Ah! Gosto de Syd Barrett!!! O problema dele (loucura) foi Lucy in the Sky with Diamonds levada ao extremo...

    Bjis :)

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  4. Olha que a Fê tem razão... Não sou um robot, mas quase desisti de publicar o comentário, pois tive que inserir ‘palavras’ por três vezes!!!

    Bjis :)

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  5. Há muitos anos que eu conheço o Syd. Obviamente é um mito da música inglesa.
    É evidente que não concordo contigo quando comparas os Pink com os Ramones, mas aceito, tal como aceito que digam que os Rolling Stones é a maior banda de sempre, embora eu pense que não chegam nem aos calcanhares dos Beatles-
    No entanto, o teu texto apologético de Barret tem uma imprecisão que acho que necessita ser corrigida: ele não foi corrido do grupo. A saúde mental dele após a gravação do Piper foi-se agravando, entrando em estado catatónico várias vezes, sendo substituido por David Gilmour por manifesta incapacidade sua de se livrar das drogas. Aliás, a sua trajectória é muito semelhante à de Pete Green, dos Fleetwood Mac, embora nunca tenha tido a importância deste último.
    Foi realmente uma pena que se tivesse perdido um grande músico. Mas cada um escolhe o seu caminho. E disso, não podem os outros não podem ser responsabilizados.

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