terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Fernando Assis Pacheco (1937-1995)

Fernando Assis Pacheco faria anos hoje se fosse vivo. O jornalista, romancista e poeta que adorava a vida, no dia 30 de Novembro de 1995, não resistiu a um ataque cardiovascular. Nesse momento fatídico, encontrava-se na livraria Buchholz, em Lisboa, e pouco tempo antes terá folheado livros belos que ele tanto amava. Era, nesta altura, redactor principal da revista Visão, onde tinha a última máquina de escrever da redacção. Sim, ele nunca escreveu no computador...
"faço versos para retardar o acidente coronário
 podia fazer ginástica de manutenção que era o mesmo", escreveu ele num dos poemas de "Memórias do Contencioso".

POEMA EM CONTINUAÇÃO DE UM OUTRO

Não me governam astros. Não me ilude
o mistério de qualquer força oculta.
Se pouco sei das coisas, de mim mesmo
sei o que aprendem os homens solitários,
os exploradores solitários da própria cabeça.

Porém sou fraterno (...)

Como se não bastasse a complicação
de um solitário que se diz fraterno,
quero lembrar que sou pelo amor,
suas virtudes e armas
contra a melancolia.

(...)

Olho, lá longe, o brilho dos astros,
(...)
Mas não me governam. Eu quero o dia claro
sobre os campos da minha terra,
o pensamento claro devorando-me a cabeça.
                                                                                        in "Cuidar dos Vivos" (1963)

    


1 comentário:

  1. Confesso a minha ignorância sobre a sua obra, o poema que aqui colocaste é magnifico:

    "Não me governam astros. Não me ilude
    o mistério de qualquer força oculta.
    Se pouco sei das coisas, de mim mesmo
    sei o que aprendem os homens solitários,
    os exploradores solitários da própria cabeça."

    Despertaste a minha curiosidade vou pesquisar mais poemas dele.

    Beijinhos

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