A Maternidade Alfredo da Costa faz hoje 80 anos. O Conselho de Administração do Centro Hospitalar de Lisboa Central informa que os serviços de Ginecologia/Obstetrícia e os Cuidados Intensivos Neonatais deverão ser transferidos em Março para o Hospital D. Estefânia. O Governo diz que a passagem para a Estefânia será provisória, durante três anos, com os serviços a deslocarem-se depois, para o futuro Hospital de Todos os Santos. A principal preocupação dos profissionais que trabalham naquela casa, é o provável desmantelamento das equipas multidisciplinares que já estão muito bem oleadas e que convém preservar.
A propósito deste tema, apetece-me transcrever o texto de Ferreira Fernandes, hoje no Diário de Notícias.
"A primeira casa da minha filha faz hoje 80 anos. É uma efeméride comum, a primeira casa da minha filha foi também a de muitos milhares de lisboetas. Mas permitam-me personalizar o dia em que a minha filha conheceu a sua primeira casa. Ela escondeu os olhos, só os conheci mais tarde, mas até foi bom, tive todo o tempo para os dedos dela. Dos pés e das mãos, a agarrar. Agarravam o ar disparatadamente como que a possuir a vida. Desejei-lhe essa vontade pelos anos fora. Ela começou onde eu queria. Numa casa com nome de um goês, puxada para a vida por um cabo-verdiano e da barriga de uma angolana. Como eu queria. Mundo. Não mundo ao calha, de turista. Mundo com sentido, de viajante. Prometi-me que ela iria conhecer o sentido de aquele goês, aquele cabo-verdiano e aquela angolana terem desaguado numa casa de Lisboa. E de ser importante tanto o mundo quanto a âncora que a casa era. Gostei de a primeira casa da minha filha ser uma casa amada pela cidade. Hoje, vou telefonar-lhe para o país onde está, confirmando que a sua primeira casa vai fechar. Ela vai perguntar-me porquê. Eu vou dizer-lhe que não sei, mas parece que tem de ser, números. Coincidência, números é aparentemente a profissão que ela escolheu. Sobre o destino da primeira casa da minha filha não posso nada. Sobre a minha filha posso, vou dizer-lhe outra vez aquilo que ela sabe: nunca podem ser só números."
Ferreira Fernandes, hoje no DN
Por curiosidade, convém dizer que eu não nasci no "aviário" (nome vulgarmente associado à MAC). Mera casualidade. Assim, nasci na Associação de Socorros Mútuos de Empregados no Comércio de Lisboa.
Este tema dos Godfathers dá nome ao disco de 1988.
The Godfathers - "Birth, School, Work, Death" (1988) |
Been turned around till I'm upside down
ResponderEliminarBeen all at sea until I've drowned
And I've felt torture, I've felt pain
Just like that film with Michael Caine
I've been abused and I've been confused
And I've kissed Margaret Thatcher's shoes
And I been high and I been low
And I don't know where to go
Birth, school, work, death
Birth, school, work, death
And heroin was the love you gave
From the cradle to the grave
Boys and girls don't understand
The devil makes work for idle hands
I cut myself but I don't bleed
'Cause I don't get what I need
Doesn't matter what I say
Tomorrow's still another day
Birth, school, work, death
Birth, school, work, death
Yeah I been high and I been low
And I don't know where to go
I'm living on the never never never
This time it's gonna be forever
I'll live and die don't ask me why
I wanna go to paradise
And I don't need your sympathy
There's nothing in this world for me
Birth, school, work, death
Birth, school, work, death
Birth, school, work, death
Birth, school, work, death
Birth, school, work, death
Birth, school, work, death
beijos & abraços.
O meu filho nasceu na MAC e desde então fiquei a amar aquele lugar, por ter vindo lá à luz o meu maior tesouro, pelo profissionalismo e pelo carinho e dedicação com que fomos os dois tratados. Rendi-me de tal maneira que decidi então que, se tivesse outro, era ali que nasceria também, pelo que agora me dói ver estes tecnocratas frios acabar com tudo o que de francamente bom há neste pais!!
ResponderEliminarE o que ainda estará para vir...
Bjs