sábado, 4 de junho de 2011

Dia de Reflexão

Amanhã vamos a votos. Legislativas 2011. Hoje é dia de reflexão pré-eleitoral. Calam-se as máquinas de campanha, suspende-se a informação política nacional, e os cidadãos são convidados, durante estas horas que precedem a ida às urnas, a pensarem mais recolhidamente sobre o assunto e o destinatário do seu voto. Tendo em vista a evolução da sociedade portuguesa e do mundo em geral, há quem discuta a validade e a necessidade desse tempo dito de reflexão. Será que as pessoas reflectem de facto neste dia? Sempre achei que esta pausa até é higiénica e sensata, e continuo a achar o mesmo. Pela primeira vez desde que tenho consciência política, não vi um único Tempo de Antena, não vi um único debate televisivo, não me interessei pela campanha destas Eleições, e até me custa dizer isto. Será que estou a mudar assim tanto?! Eu sempre adorei a agitação destes períodos pré-eleitorais, empolgava-me, adorava discutir com toda a gente sobre a nobre função de fazer Política. Tudo o que nos rodeia é eminentemente político. Não podemos (nem devemos) fugir a isso. Amanhã irei votar, pois claro, e votarei na área ideológica de que sempre fui e serei (está no meu perfil). E mais não digo, porque não quero violar eticamente este período de reflexão com o qual concordo, ao contrário do sempre estimulante Miguel Esteves Cardoso, que na véspera da Eleição Presidencial escreveu um texto acerca desta discussão. Transcrevo assim alguns excertos desse texto publicado no jornal Público a 22-01-2011.

                               Miguel Esteves Cardoso, Jornal Público, 22 Janeiro 2011
"O dia da reflexão é aquele em que ficamos todos a olhar uns para os outros, como se nos víssemos ao espelho, como portugueses.
Antes de ser ponderar, reflectir é outras coisas que também se fazem hoje. Flectir é dobrar e reflectir é voltar a dobrar. Nos dicionários antigos (e em muitos dos actuais), a primeira definição de reflectir que aparece é 'fazer retroceder, desviando da primitiva direcção'.
                                                            (...)
Esses eleitores reflectidos são os mais desejados. Cobiçam-se os mais infiéis e desinteressados, como se estes eleitores estivessem a fingir-se abstencionistas de propósito, para tornarem-se o centro de atenções dos candidatos. É uma das estratégias de engate mais antigas: quanto menos eu te ligar, mais tu hás-de querer ligar-te comigo.
                                                            (...)
O nome do dia da reflexão diz tudo. Se fosse a um dia de semana e desse direito a um feriado, ainda se aceitava, com um encolher de ombros, a sugestão paternalista que aproveitássemos parte do dia para reflectir sobre se e como vamos votar.
Assim, a um sábado, dá vontade de rir. A ideia de se fazer um intervalo na propaganda eleitoral é para quê?" 
                                       
                                                             (...)

6 comentários:

  1. Fazes tu muito bem ir votar :)

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  2. Reflectiste muito ontem?!? :P

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  3. Eu fiz uma bela reflexão com uma garrafa de tequilla lol

    Acordei ressacado e continuo sem saber em quem votar lol

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  4. Há pessoas que continuam em reflexão à beira-mar à espera que os outros decidam por eles, para depois cheios de indignação criticarem a decisão. Já estou como diz a outra; não sei se hei-de fugir ou morder o anzol, mas a verdade é que já não há nada de novo aqui debaixo do sol.

    Para que conste, fui votar. Se votei bem ou não, depois digo-te :))

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  5. Reflectir, para quê, porquê e para quem?
    De tanto reflectirmos não agimos! E agir é que está a fazer falta.

    beijinhos

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