Caricatura de Hermínio Felizardo |
José Régio e o seu burro |
LIBERTAÇÃO
Menino doido, olhei em roda, e vi-me
Fechado e só na grande sala escura.
(Abrir a porta, além de ser um crime,
Era impossível para a minha altura...)
Como passar o tempo?... E diverti-me
Desta maneira trágica e segura:
Pegando em mim, rasguei-me, abri, parti-me,
Desfiz trapos, arames, serradura...
Ah, meu menino histérico e precoce!
Tu, sim!, que tens mãos trágicas de posse,
E tens a inquietação da Descoberta!
O menino, por fim, tombou cansado;
O seu boneco aí jaz esfarelado...
E eu acho, nem sei como, a porta aberta!
(in "Poemas de Deus e do Diabo")
Meu amigo:
ResponderEliminarParabéns pela escolha deste belíssimo poema de José Régio.
Cântigo Negro é aliás o meu poema preferido de sempre.
Beijinhos