Fernando Assis Pacheco faria anos hoje se fosse vivo. O jornalista, romancista e poeta que adorava a vida, no dia 30 de Novembro de 1995, não resistiu a um ataque cardiovascular. Nesse momento fatídico, encontrava-se na livraria Buchholz, em Lisboa, e pouco tempo antes terá folheado livros belos que ele tanto amava. Era, nesta altura, redactor principal da revista Visão, onde tinha a última máquina de escrever da redacção. Sim, ele nunca escreveu no computador...
"faço versos para retardar o acidente coronário
podia fazer ginástica de manutenção que era o mesmo", escreveu ele num dos poemas de "Memórias do Contencioso".
POEMA EM CONTINUAÇÃO DE UM OUTRO
Não me governam astros. Não me ilude
o mistério de qualquer força oculta.
Se pouco sei das coisas, de mim mesmo
sei o que aprendem os homens solitários,
os exploradores solitários da própria cabeça.
Porém sou fraterno (...)
Como se não bastasse a complicação
de um solitário que se diz fraterno,
quero lembrar que sou pelo amor,
suas virtudes e armas
contra a melancolia.
(...)
Olho, lá longe, o brilho dos astros,
(...)
Mas não me governam. Eu quero o dia claro
sobre os campos da minha terra,
o pensamento claro devorando-me a cabeça.
in "Cuidar dos Vivos" (1963)
Confesso a minha ignorância sobre a sua obra, o poema que aqui colocaste é magnifico:
ResponderEliminar"Não me governam astros. Não me ilude
o mistério de qualquer força oculta.
Se pouco sei das coisas, de mim mesmo
sei o que aprendem os homens solitários,
os exploradores solitários da própria cabeça."
Despertaste a minha curiosidade vou pesquisar mais poemas dele.
Beijinhos