sábado, 22 de outubro de 2011

Sun Airway - "Put the Days Away"



 Um dos meus melhores amigos da adolescência era fascinado pela interpretação dos sonhos. Tentava sempre explicar o que eu tinha sonhado na noite anterior como se fosse a coisa mais natural do mundo. Eu confesso que não ligava muito ao que ele dizia, em relação a algo que sempre achei inexplicável, mas o seu entusiasmo era contagiante. Baseava-se em livros que tinha lá por casa e argumentos não lhe faltavam. Eu achava-o parecido com o Homer Simpson (sem barriga) e pus-lhe a alcunha de Simpson. Na escola e entre os nossos amigos a alcunha pegou, e já ninguém o tratava por Nuno. Uns anos mais tarde, já mais crescidinhos, uma namorada que tive que é ceramista, fez-lhe um busto lindo do Homer e a namorada dele comoveu-se com o gesto. Estas memórias arrepiam-me. E talvez sinta isso porque tenho saudades de alguém que não sei onde está. Porventura devido ao isolamento em que caio, de vez em quando, perdi o rasto ao Simpson... e não fui só eu. Dos amigos dessa altura com quem ainda falo, ninguém sabe do paradeiro desta personagem. O contacto que ele tinha já não existe. Esperamos todos que nada de mal lhe tenha acontecido. Lembro-me que o irmão dele, na altura muito jovem, estava a aprender a tocar bateria. Talvez já seja baterista nalgum grupo que eu gosto e não o reconheça agora.
Vi hoje um documentário sobre o Artista Fernando Bento, realizado por Francisco Torres do Vale, transmitido na RTP2, onde mostra uma BD deste autor sobre o "Michel Strogoff" de Júlio Verne. Pois bem, lembro-me perfeitamente de estar a estudar com o Simpson e ele interromper, de vez em quando o estudo, para ler mais um pouco esta obra de Júlio Verne. Era uma espécie de fôlego que ele necessitava... e como eu o compreendo hoje.
Lembrei-me de novo dele por causa deste vídeo dos Sun Airway que tocam a esta hora no Music Box do Cais do Sodré. Vídeo sobre sonhos e outras coisas estranhas realizado por Ricardo Rivera.

(Nota à parte: malditas lâmpadas económicas que dão um sono do caraças! Tenho que fazer como a Maria Filomena Mónica e armazenar umas quantas lâmpadas antigas, para não ter que continuar a passar por esta neblina económica...). (Nota politicamente incorrecta).

6 comentários:

  1. Caro Hugo, antes de mais quero agradecer os seus comentários aos meus quadros. Espero que não me leve a mal o facto de entrar no seu blogue desta maneira mas não encontrei o seu email. Achei bastante revelador o nome convicção da dúvida e gostaria de saber que dúvida é essa que tem no seu coração. Eu sei quem está nessas 22 miles de deserto. Convido-o amavelmente a ir ao meu outro blogue: http://rostoemterra.blogspot.com
    Teresa C. Mesquita de Abreu

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  2. Já Edgar Poe dizia "quem sonha de dia tem consciência de muitas coisas que escapam a quem sonha só de noite."
    É isso que nos move: a convicção da dúvida do sonho :)

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  3. Bom post. :)
    Haha às vezes eu também tento interpretar meus sonhos! :D Espero que você saiba algo sobre seu amigo novamente. Eu sei como é difícil...

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  4. Amigo Hugo:
    Há pessoas que passam na nossa vida que deixam uma marca que o tempo não apaga.
    Quem sabe ele não lê este teu post :D

    Nem tudo que é económico é bom :))

    beijinhos

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  5. Adorei... A maneira como o descreves, a maneira como escreves! 5* parabéns

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  6. Adorei o vídeo e a tuas recordações :)

    Beijo

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