sábado, 30 de março de 2013

Decreto 77 - "Here's Your Freedom"



Hoje há Punk Rock no Teatro do Bairro! Apresentação do álbum "Getting Older Wasting Time" dos Decreto 77. "Here's Your Freedom" é um bom aperitivo para a noite de Páscoa que se quer animada! Vídeo realizado por Victor Castro.

Decreto 77 - "Getting Older Wasting Time" (2013)

Estou curioso!

sexta-feira, 29 de março de 2013

Elis Regina - "Águas de Março"



Tema composto por Tom Jobim, aqui interpretado pela especialíssima Elis Regina, num video absolutamente delicioso! Música que faz parte do álbum de Elis de 1972. E que em 1974 virou dueto no registo "Elis & Tom".
E assim vos desejo Boa Páscoa!

Elis Regina - "elis" (1972)

Elis Regina e Tom Jobim - "Elis & Tom" (1974)

Capicua - "Medo do Medo"



Continuando na coelha que saquei da cartola nesta Páscoa, apresento-vos esta música já bastante conhecida, do seu álbum de 2012.
EU TENHO MUITOS MEDOS...

Capicua - "Capicua" (2012)
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O rato que tinha medo
(à maneira dos... marroquinos)

Um rato tinha medo de gato. Nisso não era diferente dos outros ratos. Pavor, tremor, ânsia, vida incerta. Mas, igual a todos os outros de sua espécie, o nosso rato teve, no entanto, um facto diferente em sua vida - encontrou-se com um mágico. Conversa vai, conversa vem, ele explicou ao mágico a sua sina e o seu pavor. O mágico então transformou-o exactamente naquilo que ele mais temia e achava mais poderoso sobre a terra - um gato. O rato, então, passou a perseguir os outros ratos mas adquiriu imediatamente um medo horrível de cães. E nisso também não era diferente de todos os outros gatos. A única diferença foi que tornou a se encontrar com o mágico. Falou-lhe então do novo medo e foi transformado outra vez na coisa que mais temia: cão. Cão, pôs-se logo a perseguir os gatos. Mas passou a temer animais maiores, como o leão, tigre, onça, boi, cavalo, tudo. Mágico vem e resolve transformá-lo, então, num leão, o mais poderoso dos animais. E o nosso ratinho, guindado assim à letra O da classe animal, passou então a recear quando ouvia passo de caçador. Então o mágico chegou, transformou-o de novo num rato e disse, alto e bom som:
Moral: - Meu filho, quem tem coração de rato não adianta ser leão.
Millôr Fernandes, "Pif-Paf", 2004

Capicua - "1º Dia"



Nós somos diferentes, mesmo! Existem pouquíssimas raparigas a ter sucesso nesta forma de expressão, mas em Portugal o melhor Hip Hop é feito por uma menina incrível da Invicta! Até eu que sou mais Rock and Roll, adoro o disco dela! Tema que faz parte do álbum "Capicua" de 2012.

Capicua - "Capicua" (2012)
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BECO

Não te enganes quando viras, na rua, e entras
numa direcção sem saída. Pé ante pé, como
se ninguém te visse, volta para trás e
regressa à esquina em que te enganaste.

Há quem o não faça, e continue até ao fim,
onde um muro de tijolo corta o horizonte:
não vê nada para o outro lado, e já não sabe
como voltar atrás e retomar o caminho.

A vida, nestas cidades de becos imprevisíveis,
pode oferecer surpresas como essa a quem
não vê por onde se mete; e obrigar-nos a parar
sem saber o que está para além do muro.
Nuno Júdice, "Meditação sobre ruínas", 1994

quarta-feira, 27 de março de 2013

Monika Versace



No passado dia 19 de Março, Monika Versace deixou-nos.
Através do Blog, tenho conhecido pessoas fascinantes, umas pessoalmente, outras apenas pela net, mas o que aprendi até aqui, nesta partilha diária, não seria possível de outra maneira.
Nunca conheci a Monika pessoalmente, mas eu era visita assídua do seu blog. A maior parte das vezes, ficava sem palavras ao olhar para aquele sorriso sempre presente. Que sorriso desconcertante, ao ler o que ela tinha para nos contar. Saía de lá sempre com uma força que não se explica. Num dos comentários que lhe fiz uma vez, disse-lhe que ela era a minha Heroína na blogosfera. (Heroína no sentido de Herói).
A Monika concedeu-me a honra da sua presença, aqui no meu blog, por diversas vezes. A última foi no dia 9 de Março, no post sobre João Rocha.
Este "Just Like Heaven" é para ti, linda!

Monika Punk!

Monika Palhaça!

Monika Penacho!

Monika Devorada!

Monika Mafaldeira como eu!

Monika Malandra!

Monika & os dois eternos companheiros de Luta!

Fotografia de Monika!

Deixo-vos com o link do Blog da Monika:

http://leucemialinfoblasticaaguda.blogspot.pt/

BESOS BESOS BESOS BESOS BESOS BESOS BESOS BESOS BESOS BESOS!

Sérgio Godinho - "O Primeiro Dia"



Desta vez tem mesmo de ser o primeiro dia do resto da minha vida! E já agora da vida do Sporting!
Tema que faz parte do álbum "pano-cru" de 1978.
beijos & abraços.

Sérgio Godinho - "pano-cru" (1978)

Caetano Veloso & Maria Gadú - "O Leãozinho"



Hoje, Bruno de Carvalho toma posse como Presidente do meu Sporting! Desta vez não tive tantas dúvidas como nas eleições de há dois anos atrás. José Couceiro e Carlos Severino não me inspiraram qualquer confiança. Já quanto ao Bruno, parece transportar uma réstia de esperança, que espero se possa transformar em algo mais palpável. Fiquei a saber nos últimos dias, que o Bruno tem um acentuado gosto cinéfilo. Assim, desejo que ele seja o realizador ideal neste filme épico de salvação leonina. Viva o Sporting!

Bruno de Carvalho

Este tema de Caetano Veloso faz parte do álbum "Bicho" de 1977.
Neste vídeo está maravilhosamente acompanhado por Maria Gadú.

Caetano Veloso - "Bicho" (1977)

terça-feira, 26 de março de 2013

Bebo Valdés (1918-2013)



O pianista cubano Bebo Valdés morreu no passado dia 22 de Março em Estocolmo. Neste vídeo que publico, podemos ouvir um pouco da magia e da técnica deste mago do piano (não são as "Lágrimas Negras" referidas no título...). A Revolução Cubana de 1959, a que ele não quis aderir, fez com que procurasse, nos anos seguintes, uma vida fora da Ilha Castrista. Não terá sido fácil, até porque durante três décadas viveu discretamente, tocando em bares de hotéis de Estocolmo. Voltou apenas a gravar já nos anos 90, por causa de Paquito D' Rivera. No princípio deste século, o realizador de Cinema Fernando Trueba resgatou-o finalmente para a ribalta da qual ele esteve afastado tanto tempo.
O sítio para onde Bebo Valdés terá ido agora, certamente terá um piano à sua espera, para que a magia do som resultante dos dedos que dançam, já não esteja dependente de desvirtuadas políticas que excluem, determinadas ondas sonoras, por razões muito pouco musicais. Como sabem, sou de Esquerda, mas isso nunca me impediu de ter uma visão crítica em relação a tudo o que se passa à minha volta. E nestas questões de inclusões e exclusões, tenho sempre algo a dizer.

The Strokes - "All The Time"



Hoje é dia especial! Um dos meus grupos preferidos preferidos preferidos, edita hoje o novo álbum "Comedown Machine". Para aperitivo já há "All The Time" com vídeo ainda quentinho.
Eu vi os Strokes nas duas vezes que cá vieram! Vi-os em 2006 e vi-os em 2011. Vejam lá rapazes se aparecem por cá este ano!

The Strokes - "All The Time" (single) (2013)

The Strokes - "Comedown Machine" (2013)

The Dead Pirates - "Wood"



Ainda esticando a lógica literária que me levou a publicar excertos de Luis Sepúlveda e Gabriel García Márquez, refiro que, por cá, há uma escritora que eu encaixo na mesma família estilística. Se não me falha a memória, dela apenas li o fantástico "Insânia" de 1996. Falo, evidentemente, de Hélia Correia. Lembro-me de a ver, por vezes, nas salas de Teatro onde eu também ia, quando ainda assistia a essa Arte sublime. Que saudades tenho eu de ir ao Teatro, meu Deus! É melhor não pensar nisso, agora...

Este tema dos Dead Pirates pertence ao EP "Malevolent Melody" de 2010.
O vídeo é autoria de Mcbess & Simon.

The Dead Pirates - "Malevolent Melody" (EP) (2010)
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  "Jamais se abriu Talívio sobre o assunto. Pusera o seu empenho nas palavras e, atraiçoado, foi para as mãos que se virou. Achou refúgio num lagar que transformou numa oficina de carpintaria. E aplicou-se a lutar com a madeira, que, ao contrário de tudo o resto, era abundante, ainda que lassa e muito esquiva às ferramentas.
  Na solidão moía os seus despeitos. Quem espreitasse, veria como a fúria dos pensamentos lhe escorria até aos dedos. Dizia-se que o vento, voltejando nas telhas descobertas, levantava o poder dos espíritos do vinho que, muitos anos antes, outro vento impregnara na própria construção. O carpinteiro não gostava de álcool, mas a intoxicação por ideais parecia semelhante à da bebida. Também ele começara por falar alto em público para depois, humilhado, se esconder."
Hélia Correia, "Insânia", 1996

segunda-feira, 25 de março de 2013

The Clash - "Straight to Hell"



Por razões óbvias relacionadas com o tema de M.I.A. que publico no post anterior, aqui está o "Straight to Hell" dos grandes Clash! Tema que faz parte do álbum "Combat Rock" de 1982.

The Clash - "Straight to Hell" (single) (1982)

The Clash - "Combat Rock" (1982)


M.I.A. - "Paper Planes"



Vídeo realizado por Bernard Gourley.
Tema que faz parte do álbum "Kala" de 2007.
O excerto de Gabriel García Márquez que publico neste post, fez-me lembrar este tema delicioso de M.I.A.!

M.I.A. - "Paper Planes" (single) (2007)

M.I.A. - "Kala" (2007)
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"Uma droga mais daninha do que as chamadas 'duras' introduziu-se na cultura nacional: o dinheiro fácil. Prosperou a ideia de que a lei é o maior obstáculo para a felicidade, que de nada serve aprender a ler e a escrever, que se vive melhor e mais seguro como delinquente do que como gente de bem. Em síntese: o estado de perversão social próprio de toda a guerra larvar."
Gabriel García Márquez, "Notícia de um sequestro", 1996 

domingo, 24 de março de 2013

Steppenwolf - "Magic Carpet Ride"



Como referi o chileno Luis Sepúlveda nos posts anteriores, apetece-me transcrever excertos de um escritor que considero da mesma família literária. O colombiano Gabriel García Márquez fascinou-me por completo com o seu "Cem Anos de Solidão". Trata-se de uma das obras mais mágicas que li ao longo da minha vida de leitor. É um dos livros mais influentes da História da Literatura, e tal como Sepúlveda me faz lembrar um pouco García Márquez, existem um cem número de escritores que parecem ter ido beber à magia do colombiano.
Por causa do excerto que publico neste post, lembrei-me desta música dos Steppenwolf. Faz parte do álbum " The Second" de 1968.

Steppenwolf - "The Second" (1968)
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"Úrsula tinha acabado de cumprir o seu repouso de quarenta dias quando chegaram os ciganos. Eram os mesmos saltimbancos e malabaristas que haviam trazido o gelo. Ao contrário da tribo de Mequíades, tinham  demonstrado em pouco tempo que não eram arautos do progresso mas bufarinheiros de diversões. Mesmo quando trouxeram o gelo, não o anunciaram em função da sua utilidade para a vida dos homens mas como uma mera curiosidade de circo. Desta vez, entre muitos outros jogos de artifícios, traziam um tapete voador. Mas não o ofereceram como uma contribuição fundamental para o desenvolvimento do transporte, mas como um objecto de divertimento. Claro está que as pessoas desenterraram os seus últimos pedacinhos de ouro para usufruírem dum voo fugaz sobre as casas da aldeia. Amparados pela deliciosa impunidade da desordem colectiva, José Arcadio e Pilar viveram horas de desafogo. Foram dois namorados felizes entre a multidão, e chegaram até a suspeitar que o amor podia ser um sentimento mais repousado e profundo que a felicidade desaforada, mas momentânea, das suas noites secretas."
Gabriel García Márquez, "Cem Anos de Solidão", 1967

terça-feira, 19 de março de 2013

Kris Kristofferson - "Sandinista"



Como publiquei no post anterior um texto de Luis Sepúlveda acerca do Papa Francisco, convém referir que os livros que li deste autor, me marcaram. Por exemplo em "Nome de Toureiro", é evidente a influência da sua própria vida, em tudo o que ele descreve. Ele pertenceu à Brigada Simon Bolívar, que lutou ao lado dos Sandinistas na Nicarágua. Essa Brigada é parte integrante da história fascinante de "Nome de Toureiro". Já escrevi sobre os Sandinistas num post antigo com música dos Censurados... Por isso não me vou repetir.
Dedico este tema de Kris Kristofferson a Luis Sepúlveda, porque ele me proporciona um universo literário mais rico e muito original. Tema que faz parte do álbum "Third World Warrior" de 1990.

Kris Kristofferson - "Third World Warrior" (1990)
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"O velho Franz levou uns bons anos a quebrar a resistência da viúva e quando, por fim, numa curta noite de Verão, conseguiu ser aceite entre os seus lençóis, descobriram os dois que as suas vidas estavam excessivamente impregnadas de recordações que obrigam ao silêncio e que a única coisa que podiam fazer juntos era tentar construir recordações novas, limpas da infecção da distância e que, quando se conseguem, oferecem o mais cálido dos amparos. Como isso leva tempo, decidiram-se por uma relação entre gringo sozinho e governanta a viver fora, o que a mulher legitimava tratando-o invariavelmente por senhor."
Luis Sepúlveda, "Nome de Toureiro", 1994.

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"O Rosário, de Florence Barclay, continha amor, amor por todos os lados. As personagens sofriam e misturavam a sorte com os sofrimentos de uma maneira tão bela que se lhe embaciava a lupa de lágrimas.
A professora, não de todo de acordo com as suas preferências de leitor, permitiu-lhe que levasse o livro, e com ele regressou a El Idilio para o ler mil e uma vezes diante da janela, tal como se dispunha agora a fazer com os romances que o dentista lhe trouxera, livros que esperavam insinuantes e horizontais em cima da mesa alta, alheios à desordenada olhadela a um passado em que António José Bolívar Proaño preferia não pensar, deixando os poços da memória abertos, para os encher com as venturas e os tormentos de amores mais prolongados que o tempo."
Luis Sepúlveda, "O Velho que Lia Romances de Amor", 1989.

Rita Lee - "Reza"



Em continuação do post anterior, publicarei o texto prometido. Foi escrito por Luis Sepúlveda, um escritor que admiro e do qual li páginas que nunca mais me sairão da cabeça. Ao contrário dele, não sou ateu. Tenho Fé mas nunca tive Religião, e não vejo nenhum problema nisso!
Fiquem então com o texto de Luis Sepúlveda.


Jorge Mario Bergoglio, ou o padre que dava a comunhão a Videla


Tinha prometido a mim mesmo que não dedicaria nem um minuto à eleição do novo papa. Não sou católico, sou orgulhosamente ateu, e ao longo da minha vida tenho conhecido e conheço alguns padres que muito pouco têm a ver com O Vaticano & Company. Um deles chamou-se Gaspar García Laviana, um padre asturiano que pegou em armas na Nicarágua, deu a sua vida pelos pobres e caiu combatendo, com o posto de Comandante Guerrilheiro. Gaspar – Comandante Martín na história dos oprimidos – foi dos padres consequentes com o cristianismo, mas com um cristianismo que não está, que nunca esteve no Vaticano.
Tinha prometido a mim mesmo não dedicar nem um minuto ao assunto fuamata nera ou fumata bianca, o único fumo de que gosto e interessa é o dos Cohibas que fumo, mas diante da avalanche de histeria desencadeada é impossível permanecer indiferente. Para muitos, só o facto de o novo papa ser latino-americano já é uma garantia do regresso iminente aos evangelhos na sua expressão mais pura. Não é assim. A história sinistra da igreja católica, sobretudo a recente, não vai ser limpa por uma nacionalidade determinada. E se a questão era eleger um latino-americano, por que não Leo Messi, que é o mais próximo da perfeição divina?
Para outros, o facto de o novo papa "Pancho I" ser hispano-falante é quase um sinal de que a nossa língua é a língua dos anjos, que basta que fale espanhol para que a esquecida mensagem de justiça que teoricamente pronunciou o Nazareno se imponha em todas as bocas da Terra. Por favor! Diriam o mesmo se o novo papa fosse Rouco Varela ou qualquer outro taliban nacional católico e fascista da conferência episcopal espanhola?
E para outros, o facto de "Pancho I" ser jesuíta é quase um sinónimo do afastamento dos legionários de cristo, da Opus Dei, dos inquisidores da escola de Ratzinger. Ao que parece, com "Pancho I" a igreja recupera a inteligência e a sensibilidade de alguns, não de todos, os jesuítas.
Não devemos esquecer que há jesuítas e jesuítas. Admiro e respeito a memória de um jesuíta como Ignacio Ellacuría, assassinado em El Salvador, um padre que se arriscou, tal como fizera Gaspar García Laviana na Nicarágua, que deu a vida pelos pobres, pelos camponeses, pelos índios, pelos oprimidos, mas temo que Jorge Mario Bergoglio – "Pancho I" doravante – não é feito da mesma massa.
É público que jamais condenou ditadores argentinos, apesar de saber que na Argentina de Videla e dos seus sequazes se torturava, se assassinava, faziam-se desaparecer milhares de pessoas, roubavam-se os recém nascidos das prisioneiras grávidas, violavam-se todos os direitos e todos os mandamentos que, supostamente, regem a moral e a conduta dos católicos. Videla era católico e dos fanáticos, tal como Massera e todos os criminosos que usurparam o poder na Argentina. E sabendo-o, Jorge Mario Bergoglio – "Pancho I" doravante – não abriu a boca. Não pode alegar que não sabia, porque era o confessor e era quem dava a comunhão a Videla. Que lhe confessava o chefe dos torturadores?
Segundo uma extraordinária reportagem do jornalista argentino Horacio Verbitsky, publicada no Página12 em 1999, o cardeal Jorge Mario Bergoglio – "Pancho I" doravante – é culpado, por acção ou omissão, da detenção e desaparecimento de dois religiosos da sua própria ordem.
Nunca esclareceu estes factos, mas, curiosamente, quando o presidente Néstor Kirchner acabou com as odiosas leis de “obediência devida", com as amnistias aos criminosos e reabriu os julgamentos contra os piores criminosos da história argentina, Jorge Mario Bergoglio – "Pancho I" doravante – descobriu a pobreza e converteu-se no paladino do antikirchnerismo.
Na reportagem publicada pelo Página12, Horacio Verbitsky mostra dois documentos: um, que implica directamente Jorge Mario Bergoglio – "Pancho I" doravante – no desaparecimento desses dois padres, e outro, adulterado, modificado, amanhado, talvez pela mão do Espírito Santo.
Não há nada de que se alegrar. O conselho geral de accionistas do Vaticano & Company deixou tudo tal como estava.
Luis Sepúlveda, 13 de Março de 2013.
Tradução de Luís Leiria.
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Cartoon de Carlos Latuff
Cartoon de Carlos Latuff que nos mostra o Papa Francisco com Videla ao pescoço...
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Tema que dá nome ao álbum de Rita Lee de 2012.
Rita Lee - "Reza" (single) (2012)
Rita Lee - "Reza" (2012)

Luísa Sobral - "Xico"



Como toda a gente já deve ter reparado, há Papa novo no Vaticano. O nome artístico é Francisco. Sucede a Bento XVI, um Papa em que toda a gente bateu, menos eu... Vi neste Bento, em pouco tempo de pontificado, uma certa tendência para assumir temas delicados, sempre postos à margem por quem se sentou na Cadeira de Pedro. Apesar de eu ter Fé, nunca tive Religião, e acho mesmo que não necessito de nenhuma, para poder continuar a ter a imensa Fé que tenho. Acredito em algo, é verdade, acredito que existe algo para além disto! Caramba, não há-de ser só esta vidinha estúpida que nós temos! Como sou de esquerda, já houve várias pessoas que me perguntaram se o ópio do povo de que Marx falava já não interessava. Se há uns anos atrás ainda suportava a questão que me colocavam, hoje em dia, quando me fazem essa pergunta, costumo sentir uma certa falta de ar desconfortável. Já não tenho pachorra para explicar, que cada pessoa deve pensar pela sua própria cabeça, e não ser apegada a interpretações doutrinárias tão puritanas! Devo ser o único espécime à face da Terra que simpatiza mais com Bento XVI, do que com João Paulo II. Aliás, nunca nutri qualquer simpatia ou respeito por João Paulo II (sempre o considerei um Papa medieval). Mas vejo-me a ler os livros de Ratzinger, um dia destes...

O delicioso "Xico" de Luísa Sobral é ilustrado por um vídeo um tanto ou quanto sombrio. Assim, no próximo post publicarei um texto sobre o Papa Francisco, escrito por alguém que eu admiro muito! E acreditem que o lado negro do vídeo tem bastante a ver com o texto que publicarei.
Tema que faz parte do álbum "The cherry on my cake" de 2011.

Luísa Sobral - "The cherry on my cake" (2011)
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Cartoon de Henrique Monteiro

Bartoon de Luís Afonso no Jornal Público de 13-03-2013
Bartoon de Luís Afonso no Jornal Público de 14-03-2013


Cat Stevens - "Father and Son"



No Dia do Pai do Hugo, escolho uma musica com a qual eu embirrava há uns anos atrás. Achava este tema deveras conformista (e ainda acho um pouco), mas a diferença é que agora o entendo de uma forma não tão restritiva. Ouvindo hoje esta música, ela parece dizer mais do que aquilo que eu achava que ela dizia há uns anos. Para terem uma noção do quanto detestava este "Father and Son", eu chegava a compará-lo ao "Ninguém Ninguém" do Marco Paulo, isto baseado no argumento do conformismo! Para quem não saiba, nessa interpretação, Marco Paulo eleva a voz para dizer que "Ninguém Ninguém, poderá mudar o mundo"! Esse excerto de berraria MarcPauliana chegou a servir para um Tempo de Antena do PSR (Partido Socialista Revolucionário), para se demonstrar precisamente o contrário daquilo que o cantor gritava. Comunicação política que na altura me agradou substancialmente, tendo, inclusive, esse Tempo de Antena gravado numa cassete vhs perdida cá por casa.
Stephen Demetre Georgiou achou por bem ter o nome artístico de Cat Stevens, com o qual vendeu imensos discos, mas com a conversão ao Islão em 1978, voltou a alterar o nome para Yusuf Islam.
Este tema faz parte do álbum "Tea for the Tillerman" de 1970.
Papá, esta música é para ti!
beijos & abraços!

Cat Stevens - "Father and Son" (single) (1970)

Cat Stevens - "Tea for the Tillerman" (1970)

sábado, 16 de março de 2013

Kenny Ball & His Jazzmen - "Rondo"



No passado dia 7 de Março, morreu o trompetista Kenny Ball (1930-2013). Este excerto faz parte do filme "Live it up" realizado por Lance Comfort em 1963.
Tenham um Sábado saboroso!
Beijos & Beijos!

Kenny Ball & His Jazzmen - "Rondo" (single) (1963)


Charlie Brown Jr. - "Hoje eu acordei feliz"



Entrando na necrologia que estava pendente pela falta de tempo e outras razões que não vêm à discussão, falta-me referir que morreu no passado dia 6 de Março, Alexandre Magno Abrão, mais conhecido por Chorão, vocalista da banda Charlie Brown Jr. Nunca fui apreciador da dita, mas revejo em alguns temas, como este que publico, uma réstia de punk mais ou menos interessante, e digna de divulgação. Esta identificação já é longínqua e demonstra parte de um percurso que foi abandonado há muito. Mesmo assim, como gosto muito deste tema, não podia deixar de referir o desaparecimento deste músico brasileiro. Ainda para mais, porque, aparentemente, se trata de um suicídio. Tenho uma história curiosa que tem a ver com uma música deste grupo, mas vou guardá-la para um post futuro.
Os desenhos do vídeo são de André F. Jarschel.
O tema faz parte do álbum "100% Charlie Brown Jr. - Abalando a sua Fábrica" de 2001.
Um tema que me deixa sempre com um sorriso nos lábios.

"100% Charlie Brown Jr. -  Abalando a sua Fábrica" (2001)


Peste & Sida - "Vamos ao Trabalho"



Por causa da música do post anterior, lembrei-me desta dos Peste! E parece-me que vem a calhar, agora que Vítor Gaspar falou do desemprego daquela forma marcante! Cada vez mais, o Ministro das Finanças assume o papel de um Mr. Bean obscuro, como se fosse a face negra de uma anedota que toda a gente sabe reconhecer. E para que tudo fique mais simétrico, o "Vamos ao Trabalho" talvez se pudesse transformar em "Vamos ao Desemprego".
Tema que faz parte do álbum "Peste & Sida é que é!" de 1990.

Peste & Sida - "Peste & Sida é que é!" (1990)


sexta-feira, 15 de março de 2013

Ena Pá 2000 - "Vão para o caralho"



É tão bom chegar a casa vindo do trabalho, e saber que através de uma convocação relâmpago, hoje há Manifestação! Em Portugal não há o costume das coisas acontecerem assim! Finalmente, pá! É assim mesmo, miúdos e miúdas! É deste tipo de acções que necessitamos, mas necessitamos delas mais vezes! Como estive a produzir chocolate o dia todo, e ainda não tomei banho de modo a conseguir publicar este post antes das 19h, tenho um cheiro, digamos..., achocolatado. E é com toda a doçura que mando este Governo para o c......!
Adoro a doçura dos Ena Pá 2000! Doce que pertence ao álbum "2001 Odisseia no Chaço" de 1999.
Como deixei de conseguir publicar vídeos através da forma que sempre utilizei (carregando no ícone do blogger), tive que recorrer ao HTML, que pelos vistos, me salvou!

Ena Pá 2000 - "2001 Odisseia no Chaço" (1999)
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15 de Março de 2013, às 19h

15 de Março de 2013, às 19h
 FAÇAM OUVIR A VOSSA VOZ, SE ASSIM VOS APETECER!
beijos & abraços!

sábado, 9 de março de 2013

João Rocha (1930-2013)


Morreu ontem João Rocha. Antigo Presidente do meu Sporting.
Quando comecei a ir à bola com o meu tio e o meu primo, ainda apanhei a última fase de João Rocha como Presidente. Caramba, com isto revelo que já não sou nada novo... João Rocha Presidiu o Sporting durante 13 anos, de 1973 a 1986. Eu devo ter começado a ir aos jogos do Sporting lá para 83 ou 84... ainda era uma criança levada pela mão do meu tio e do meu primo. Curiosamente, apanhei em cheio toda a fase de jejum que tivemos de aguentar durante 18 anos. Mesmo assim, fui e sou cada vez mais Sportinguista! Cresci a sofrer com o meu Sporting, mas a magia daquelas listas verde & brancas só é explicável para quem sente o Clube como nós sentimos.


No que ao futebol diz respeito, durante a sua Presidência, a equipa sénior do Sporting ganhou três Campeonatos Nacionais, três Taças de Portugal e uma Supertaça.

Manuel Fernandes & João Rocha (1982)

Na foto acima, vemos o capitão Manuel Fernandes e João Rocha, na cerimónia de atribuição das faixas de Campeão da época 81/82.
Sobre o Presidente desaparecido ontem, Manuel Fernandes disse o seguinte:
"Foi um Presidente muito especial, foi ele que me contratou e sempre demonstrou um sportinguismo que só os grandes sportinguistas podem ter"


Mas não foi só no futebol que João Rocha teve sucesso à frente do Sporting. O ecletismo do Clube foi bem visível durante a sua Presidência. Aliás, o ecletismo do nosso Clube sempre foi bem visível, e essa é uma das nossas diferenças em relação aos demais. Contudo, não posso deixar de realçar uma modalidade que eu adoro e que vi afastada da ribalta leonina nos últimos anos. Trata-se, evidentemente, do hóquei em patins! Modalidade com a qual o Sporting conquistou a Taça dos Clubes Campeões Europeus em 1977 (tinha eu apenas 1 ano...).

Júlio Rendeiro & João Rocha (1977)
Na foto acima vemos Júlio Rendeiro e João Rocha com a Taça dos Clubes Campeões Europeus em hóquei em patins.


Agora que o nosso Clube vive dificuldades financeiras e desportivas muito preocupantes, convém lembrar referências positivas para que sirvam de inspiração ao futuro do nosso Clube.

VIVA O SPORTING!

quinta-feira, 7 de março de 2013

Birds are Indie - "Yellow Leaf"



Tema que faz parte do álbum "How music fits our silence" de 2012.

Birds are Indie - "How music fits our silence" (2012)
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"Tudo é muito mais perturbante porque se faz acompanhar de sinais que não permitem situar este tempo fora da realidade a que pertence, e assim fazendo nos impedem de viver com ele na distância tranquilizadora que há entre nós e os nossos sonhos. Se pudéssemos remeter esta imagem para a penumbra das intuições, ouvir estas vozes para lá do filtro da racionalidade, ao longe, fora do mundo. Mas as raparigas levam permanentes e calças justas, sentam-se homens na berma a ouvir os relatos com o transístor colado ao ouvido, alguém canta uma cançoneta da rádio, passa alguém de motorizada a entregar sandes de chouriço e cervejas, é mesmo verdade, é irremovivelmente real. Estas pessoas também se beijam e pintam os olhos, andam de avião, possuem arcas frigoríficas, dançam nas discotecas e alugam vídeos. Nada nelas nos concede a descolagem apaziguadora que nos transportasse a uma dimensão suspensa. Os peregrinos põem as mãos nos rins, acenam, continuam a andar."
 Clara Pinto Correia, "Canções das Crianças Mortas".

quarta-feira, 6 de março de 2013

Hugo Chávez (1954-2013)


Morreu Hugo Chávez vítima de cancro. Ontem quando soube da notícia, ainda tive um impulso imediato para escrever algo acerca desta personagem. Mas o cansaço e o embrutecimento próprios de um Ser ridículo como eu, felizmente impediram a concretização de tal impulso. Contudo, lembrei-me de um texto, um excelente texto, escrito nas vésperas das Eleições Presidenciais Venezuelanas em Outubro,  por Ignacio Ramonet e Jean-Luc Mélenchon. Como estas lembranças de textos brilhantes costumam ser colectivas, foi fácil descobrir o texto para prontamente o transcrever aqui no meu modesto Blog. Atenção, que eu nunca fui dado a cultos de personalidade ou algo que o valha! E continuo igual, para bem da minha sanidade mental (que é pouca). Isso não me impede de ver neste Homem uma afronta aos poderes financeiros instituídos nesta globalização que se se quer amorfa em termos políticos contrários! Como diz o texto que de seguida podem ler, "A Venezuela bolivariana é uma fonte de inspiração da qual nos nutrimos, sem fechar os olhos e sem inocência". É isso, a Esquerda nunca pode perder o sentido crítico do que não está bem, o Poder não pode embriagar em demasia, para não se correr o risco de se desvirtuar a força que leva à transformação!
                                                                                                                                               


O porquê do ódio a Chávez

Um líder político deve ser valorizado pelos seus actos, não por rumores veiculados contra ele. Os candidatos fazem promessas para ser eleitos: poucos são aqueles que, uma vez no poder, cumprem tais promessas. Desde o início, a proposta eleitoral de Chávez foi muito clara: trabalhar em benefício dos pobres, ou seja – naquele momento – a maioria dos venezuelanos. E cumpriu sua palavra.
Por isso, este é o momento de recordar o que está verdadeiramente em jogo nesta eleição, agora que o povo venezuelano é convocado a votar. A Venezuela é um país muito rico, pelos fabulosos tesouros de seu subsolo, em particular o petróleo. Mas quase toda essa riqueza estava nas mãos da elite política e das empresas transnacionais. Até 1999, o povo só recebia migalhas. Os governos que se alternavam, social-democratas ou democrata-cristãos, corruptos e submetidos aos mercados, privatizavam indiscriminadamente. Mais de metade dos venezuelanos vivia abaixo da linha de pobreza (70,8% em 1996).
Chávez fez a vontade política prevalecer. Domesticou os mercados, deteve a ofensiva neoliberal e posteriormente, graças ao envolvimento popular, fez o Estado se reapropriar dos sectores estratégicos da economia. Recuperou a soberania nacional. E com ela, avançou na redistribuição da riqueza, a favor dos serviços públicos e dos esquecidos. Políticas sociais, investimento público, nacionalizações, reforma agrária, quase pleno-emprego, salário mínimo, imperativos ecológicos, acesso à moradia, direito à saúde, à educação, à aposentadoria… Chávez também se dedicou à construção de um Estado moderno. Colocou em marcha uma ambiciosa política de planeamento do uso do território: estradas, ferrovias, portos, represas, gasodutos, oleodutos.
Na política externa, apostou na integração latino-americana e privilegiou os eixos sul-sul, ao mesmo tempo que impunha aos Estados Unidos uma relação baseada no respeito mútuo… O impulso da Venezuela desencadeou uma verdadeira onda de revoluções progressistas na América Latina, convertendo este continente num exemplo de resistência das esquerdas frente aos estragos causados pelo neoliberalismo.
Tal furacão de mudanças inverteu as estruturas tradicionais do poder e trouxe a refundação de uma sociedade que até então havia sido hierárquica, vertical e elitista. Isso só podia desencadear o ódio das classes dominantes, convencidas de serem donas legítimas do país. São essas classes burguesas que, com os seus amigos protectores e Washington, vivem financiando as grandes campanhas de difamação contra Chávez. Até chegaram a organizar – junto com os grandes meios de comunicação que lhes pertencem – um golpe de Estado, a 11 de Abril de 2002.
Estas campanhas continuam hoje em dia e certos sectores políticos e mediáticos encarregam-se de fazer coro com elas. Assumindo – lamentavelmente – a repetição de pontos de vista como se isto demonstrasse que estão correctos, e as mentes simples acabam por acreditar que Hugo Chávez está a implantar um “regime ditatorial no qual não há liberdade de expressão”.
Mas os factos são teimosos. Alguém viu um “regime ditatorial” estender os limites da democracia em vez de restringi-los? E conceder o direito de voto a milhões de pessoas até então excluídas? As eleições na Venezuela só aconteciam a cada quatro anos, Chávez organizou mais de uma por ano (catorze, em treze anos), em condições de legalidade democrática, reconhecidas pela ONU, pela União Europeia, pela OEA, pelo Centro Carter, etc. Chávez demonstrou que é possível construir o socialismo em liberdade e democracia. E ainda converte esse carácter democrático numa condição para o processo de transformação social. Chávez provou o seu respeito à vontade do povo, abandonando uma reforma constitucional rejeitada pelos eleitores num referendo em 2007. Não é por acaso que a Fundação para o Avanço Democrático [Foundation for Democratic Advancement] (FDA), do Canadá, num estudo publicado em 2011, colocou a Venezuela em primeiro lugar na lista dos países que respeitam a justiça eleitoral.
O governo de Hugo Chávez dedica 43,2% do orçamento a políticas sociais. Resultado: a taxa de mortalidade infantil caiu pela metade. O analfabetismo foi erradicado. O número de professores, multiplicado por cinco (de 65 mil para 350 mil). O país apresenta o maior coeficiente de Gini (que mede a desigualdade) da América Latina. Num relatório de Janeiro de 2012, a Comissão Económica para América Latina e Caribe (Cepal, uma agência da ONU) estabelece que a Venezuela é o país sul americano que alcançou (junto com o Equador), entre 1996 e 2010, a maior redução da taxa de pobreza. Finalmente, o instituto norte americano de pesquisa Gallup coloca o país de Hugo Chávez como a sexta nação “mais feliz do mundo”.
O mais escandaloso, na actual campanha difamatória, é a pretensão de que a liberdade de expressão esteja restrita na Venezuela. A verdade é que o sector privado, contrário a Chávez, controla amplamente os meios de comunicação. Qualquer um pode comprovar isso. De 111 canais de televisão, 61 são privados, 37 comunitários e 13 públicos. Com a particularidade de que a parte da audiência dos canais públicos não passa de 5,4%, enquanto a dos canais privados supera 61%… O mesmo cenário repete-se nos meios radiofónicos. E 80% da imprensa escrita está nas mãos da oposição, sendo que os jornais diários mais influentes – El Universal e El Nacional – são abertamente contrários ao governo.
Nada é perfeito, naturalmente, na Venezuela bolivariana – e onde existe um regime perfeito? Mas nada justifica essas campanhas de mentiras e ódio. A nova Venezuela é a ponta da lança da onda democrática que, na América Latina, varreu os regimes oligárquicos de nove países, logo depois da queda do Muro de Berlim, quando alguns previram o “fim da história” e o “choque de civilizações” como únicos horizontes para a humanidade.
A Venezuela bolivariana é uma fonte de inspiração da qual nos nutrimos, sem fechar os olhos e sem inocência. Com orgulho, no entanto, de estar do lado bom da barricada e de reservar os nossos ataques ao poder imperial dos Estados Unidos, aos seus aliados do Médio Oriente, tão firmemente protegidos, e a qualquer situação onde reinem o dinheiro e os privilégios. Porque Chávez desperta tanto rancor em seus adversários? Sem dúvida, porque, assim como fez Bolívar, soube emancipar o seu povo da resignação. E abrir o apetite pelo impossível.
Texto de Ignacio Ramonet e Jean-Luc Mélenchon.
Tradução de Daniela Frabasile.

Como o português da tradução não era o mais correcto, tomei a liberdade de o emendar em algumas frases. Essa emenda apenas foi feita por mim a 07-03-2013 às 16:10, pedindo, ainda assim, desculpa por uma tradução da qual não sou responsável. Agora, o excelente texto de Ramonet e Mélenchon já pode ser lido num português mais aceitável.  

sábado, 2 de março de 2013

The Doors - "Five To One"



Tema que faz parte do álbum "Waiting for the Sun" de 1968.
Faltam poucos minutos para me juntar a esta enooorme Manifestação que se realiza hoje!
Já me custa estar aqui em frente ao computador, mas queria publicar neste dia!
A Rua vai ser uma imensidão só nossa!