Dilma Rousseff, a candidata do Partido dos Trabalhadores (PT), é a nova Presidente do Brasil.
domingo, 31 de outubro de 2010
sábado, 30 de outubro de 2010
Punk Rock Português hoje na Sic
CENSURADOS |
CENSURADOS |
Peste & Sida |
Hoje no Perdidos & Achados do Jornal da Noite da Sic, recupera-se a memória de uma época muito estimulante, para alguém como eu que tenho 34 anos. Ao que parece, vai-se falar do Punk Rock Português e de dois nomes fundamentais deste género musical : os Censurados; e os Peste & Sida.
Estou ansioso por ver e tenho a certeza que não sou o único! O Punk Rock continua vivo e de boa saúde!
sexta-feira, 29 de outubro de 2010
quinta-feira, 28 de outubro de 2010
quarta-feira, 27 de outubro de 2010
terça-feira, 26 de outubro de 2010
segunda-feira, 25 de outubro de 2010
domingo, 24 de outubro de 2010
sábado, 23 de outubro de 2010
sexta-feira, 22 de outubro de 2010
"Pickpocket" ("O Carteirista") de Robert Bresson
Acabei de rever "Pickpocket"(1959) de Robert Bresson que saiu hoje com o jornal "Público". Já tinha saudades, e com o passar dos anos este filme fica cada vez mais desconcertante e... fascinante!
quinta-feira, 21 de outubro de 2010
quarta-feira, 20 de outubro de 2010
Ana Luísa Amaral
Precipícios de sonho
Tudo o que há de melhor
numa gaveta:
lenços, papéis,
um ramo de alfazema em queda
livre
Precipícios de sonho
ou de lençóis,
estudos de amor,
às vezes,
recortes de jornais
O comício maior
numa gaveta:
um ausente orador,
alfinete agitando
multidões
O triunfo maior
de caos e cor
contido entre madeira
(ao rubro)
(in "Às vezes o paraíso", 1998)
A verdade histórica
A minha filha partiu uma tigela
na cozinha.
E eu que me apetecia escrever
sobre o evento,
tive que pôr de lado inspiração e lápis,
pegar numa vassoura e varrer
a cozinha.
A cozinha varrida de tigela
ficou diferente da cozinha
de tigela intacta:
local propício a escavação e estudo,
curto mapa arqueológico
num futuro remoto.
Uma tigela de louça branca
com flores,
restos de cereais tratados
em embalagem estanque
espalhados pelo chão.
Não eram grãos de trigo de Pompeia,
mas eram respeitosos cereais
de qualquer forma.
E a tigela, mesmo não sendo da dinastia Ming,
mas das Caldas,
daqui a cinco ou dez mil anos
devia ter estatuto admirativo.
Mas a hecatombe
deu-se.
E escorregada de pequeninas mãos,
ficou esquecida de famas e proveitos,
varrida de vassouras e memórias.
Por mísero e cruel balde de lixo
azul
em plástico moderno
(indestrutível)
(in "Minha Senhora de Quê", 1999)
terça-feira, 19 de outubro de 2010
Maria José Quintela
"soma as tuas madrugadas às lembranças
e algema-as na memória"
(in "O mundo fica irreal, mas não me importo", 2007)
"como estancar as coisas que explodem
dentro de nós,
se os estilhaços cravados na carne
criam raízes na memória?"
(in "O mundo fica irreal, mas não me importo", 2007)
"quero desfazer-me dos versos estagnados no lodo da
rotina
desbotados à sombra da hora infértil do cansaço
recolher palavras à deriva
em busca de margem para atracar
que rompam estrada na neblina dos dias mornos
e acendam luzes indiscretas na intimidade do escuro"
(in "O mundo fica irreal, mas não me importo", 2007)
segunda-feira, 18 de outubro de 2010
Maria Teresa Horta
Violência
Ó secreta violência
dos meus sentidos domados
em mim parto
e em mim esqueço
senhora do meu
silêncio
com tantos quartos fechados
Anoitece e desguarneço
despeço aquilo que
faço
Ó semelhança e firmeza
mulher doente de afagos
(in "Minha Senhora de Mim", 1971)
Judith Teixeira (1880-1959)
O Palhaço
Anda-se a rir, a rir dentro de mim,
com as lívidas faces desbotadas
um estranho palhaço de cetim,
rasgando em dor meu peito às gargalhadas!
Sobe aos meus olhos sempre a rir assim...-
espreitando as figuras malsinadas
que se não vestem nunca de arlequim,
mas que andam pela vida disfarçadas.
Na sombra dos meus cílios, emboscado,
ri, no meu olhar frio e desolado,
escondendo-se atónito e surpreso...
E quando desce à triste moradia,
vem mais louco e soberbo de ironia
na irrisão dum sarcástico desprezo!
Março de 1923
("Castelo de Sombras")
Sophia de Mello Breyner Andresen (1919-2004)
"Como é estranha a minha liberdade
As coisas deixam-me passar
Abrem alas de vazio pra que eu passe
Como é estranho viver sem alimento
Sem que nada em nós precise ou gaste
Como é estranho não saber"
("No Tempo Dividido")
Agustina Bessa-Luís
A Agustina nasceu em 1922 e fez anos no dia 15 de Outubro. É uma das nossas maiores escritoras, e nada melhor do que citá-la para a homenagear.
"Vida sem sobressalto, parada, mas também sem atritos e sem nada de inquietante. Era igual à de tantos morgados que, entre o rodovalho na brasa e um mau passo com uma criada, vão moendo a colheita do matrimónio sem muitos horrores a deixar na memória das coisas críveis. Só que em José Augusto se desenvolvia aquela neura tremendíssima que fez do caso incurável uma desgraça colectiva.
Nos fins de Novembro, muito abatido, e quando os frios se faziam sentir com mais rigor no Lodeiro, pediu a Camilo que lhe alugasse uma casa na Foz. ["Uma das mais confortáveis casas do Passeio Alegre"]. Continuava até a ter exigências que decerto lhe comprometiam a fortuna; mas para um doente com poucas probabilidades de socorro no processo do seu impedimento mental, não importava a ruína e impunha-se uma certa valorização narcísica. O seu estado de depressão agravou-se muito, com certeza comprometido ao casamento e à sua estrutura negativa como solução que o decepciona." ("Fanny Owen", 1979).
"Há uma tendência nos povos que vivem à beira dos rios para serem possuídos por crenças obscuras, baseadas em provas hereditárias e profundamente enraizadas. Se consultarem os moradores do Porto, nove em cada dez tiveram um encontro com coisas indecifráveis e acreditam em formas sobrenaturais que habitam as casas e convivem mais ou menos pacificamente com as pessoas. É uma nostalgia das memórias tribais, possivelmente, mas o certo é que, impressão ou facto, as alucinações auditivas ou visuais eram frequentes e ninguém estava livre de as experimentar. O senhor Maciel, homem douto na sua espécie, dado a fantasias culturais e que tocava órgão eléctrico numa banda musical, tinha frequentes encontros com espíritos, e um deles, mais particular, costumava avisá-lo, tossindo ligeiramente, dos acontecimentos dramáticos que se iam dar na sua vida. Quando partiu uma perna, ao avançar às cegas dois degraus, como se alguém o empurrasse, tinha recebido dois avisos desse fantasma assobiador." ("Prazer e Glória", 1988).
Dois excertos escolhidos, um pouco ao acaso, para servirem de aperitivo a futuros leitores da Agustina.
"Vida sem sobressalto, parada, mas também sem atritos e sem nada de inquietante. Era igual à de tantos morgados que, entre o rodovalho na brasa e um mau passo com uma criada, vão moendo a colheita do matrimónio sem muitos horrores a deixar na memória das coisas críveis. Só que em José Augusto se desenvolvia aquela neura tremendíssima que fez do caso incurável uma desgraça colectiva.
Nos fins de Novembro, muito abatido, e quando os frios se faziam sentir com mais rigor no Lodeiro, pediu a Camilo que lhe alugasse uma casa na Foz. ["Uma das mais confortáveis casas do Passeio Alegre"]. Continuava até a ter exigências que decerto lhe comprometiam a fortuna; mas para um doente com poucas probabilidades de socorro no processo do seu impedimento mental, não importava a ruína e impunha-se uma certa valorização narcísica. O seu estado de depressão agravou-se muito, com certeza comprometido ao casamento e à sua estrutura negativa como solução que o decepciona." ("Fanny Owen", 1979).
"Há uma tendência nos povos que vivem à beira dos rios para serem possuídos por crenças obscuras, baseadas em provas hereditárias e profundamente enraizadas. Se consultarem os moradores do Porto, nove em cada dez tiveram um encontro com coisas indecifráveis e acreditam em formas sobrenaturais que habitam as casas e convivem mais ou menos pacificamente com as pessoas. É uma nostalgia das memórias tribais, possivelmente, mas o certo é que, impressão ou facto, as alucinações auditivas ou visuais eram frequentes e ninguém estava livre de as experimentar. O senhor Maciel, homem douto na sua espécie, dado a fantasias culturais e que tocava órgão eléctrico numa banda musical, tinha frequentes encontros com espíritos, e um deles, mais particular, costumava avisá-lo, tossindo ligeiramente, dos acontecimentos dramáticos que se iam dar na sua vida. Quando partiu uma perna, ao avançar às cegas dois degraus, como se alguém o empurrasse, tinha recebido dois avisos desse fantasma assobiador." ("Prazer e Glória", 1988).
Dois excertos escolhidos, um pouco ao acaso, para servirem de aperitivo a futuros leitores da Agustina.
domingo, 17 de outubro de 2010
Rita Hayworth (1918-1987)
Rita Hayworth é o nome artístico de Margarita Carmen Cansino, nasceu a 17 de Outubro de 1918 e eu gosto de recordá-la principalmente pelo fabuloso "The Lady From Shanghai" (1947) do grande Orson Welles. Quis o acaso da efeméride que esta fosse a primeira mensagem do meu blog acabadinho de estrear.
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