Vejo as sombras, os rostos
que se despedem, um a um,
da mentira de estarmos vivos.
Peço outra cerveja, inventamos
juntos uma razão para ficar.
Mas eu só gostava, no fundo, que
o inferno também fechasse às duas.
(in "ESTÁDIO", 2008)
Não faltava assim tanto
para o fim da noite.
Limpavam com desvelo
as rodelas de vinil
que nos perseguiram,
de bar em bar,
a remota juventude.
(...)
Porque a poesia, meu amigo,
apesar de todas as opiniões contrárias,
continua a ser uma tara higiénica
que nunca nos libertará da morte:
rudefrauta, malsofrida e desalegre.
(in "ESTÁDIO", 2008)
Não sabia, de novo, o que fazer
da tarde. Voltei, portanto, a esta minha casa
-onde talvez se pudesse morrer um pouco menos.
(in"ESTÁDIO", 2008)
"Este é o único lugar da minha juventude
que não mudou", diz o Rui, talvez
à décima cerveja. Mas lembrou-se
(é natural) da morte, cadeiras vazias,
rápidas substituições em campo
de ninguém.
(...)
Tantas cervejas depois
e continuamos a não perceber nada.
(in "ESTÁDIO", 2008)
Olha o Manel de Freitas a beber umas bejecas!...
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